quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Mecanismos de reprodução assexuada

Olá! Hoje irei falar sobre os diferentes tipos de reprodução assexuada.
A reprodução é o fenómeno que garante a continuidade das gerações e a transmissão da vida. Existem dois tipos fundamentais: a reprodução assexuada, que forma novos indivíduos a partir de um só progenitor, sem ocorrer fusão de gâmetas; e a reprodução sexuada, onde os novos indivíduos são originados a partir de um ovo, célula que resulta da fusão de dois gâmetas.
A reprodução é sempre baseada na divisão celular e na capacidade de replicação do ADN, garantindo a passagem de informação genética ao longo das sucessivas gerações.
A reprodução assexuada pode manifestar-se através de diversos processos que têm em comum as seguintes características:
  • São rápidos e conduzem à obtenção de um elevado número de descendentes, o que permite uma rápida dispersão das populações;
  • Apenas é necessário um progenitor para originar descendentes, o que representa menos dispêndio de energia;
  • Os descentes possuem a mesma informação genética entre si e entre o progenitor;
  • Ocorrem quando as condições ambientais são favoráveis, permitindo crescimentos acentuados nas populações.

Algumas estratégias de reprodução assexuada são:

  • Bipartição ou cissipartição - divisão de um ser em dois com dimensões idênticas. Por exemplo a amiba, a planária e a paramécia.
  • Gemulação - formação de uma ou mais saliências, os gomos ou gemas, que se desenvolvem e separam, originando novos seres. Por exemplo, as leveduras, as hidras de água doce.
  • Esporulação - formação de células reprodutoras, os esporos, cada um dos quais pode originar um novo indivíduo. Por exemplo, o bolor do pão.
  • Multiplicação vegetativa - formação de novos seres a partir do desenvolvimento de certas estruturas vegetativas, como raízes, caules, folhas. Por exemplo, os fetos e o morangueiro.
  • Fragmentação - separação de fragmentos do corpo, originando cada fragmento um novo indivíduo por regeneração. Por exemplo, as algas e a estrela-do-mar.
  • Partenogénese - formação de novos indivíduos exclusivamente a partir do desenvolvimento de gâmetas femininos não fecundados. Por exemplo, pulgões e dáfnias.

Todos os processos de reprodução assexuada têm em comum o facto de os descendentes resultarem de uma ou várias células do progenitor. Essas células resultam de um processo de divisão mitótica, por isso, possuem a mesma constituição genética do progenitor. Por esta razão, a produção de indivíduos por reprodução assexuada designa-se clonagem e os indivíduos por clones.

As plantas reproduzem-se naturalmente por multiplicação vegetativa, no entanto foram-se desenvolvendo técnicas de propagação artificial de espécies com interesse económico. A clonagem de plantas realiza-se a partir de um fragmento de uma planta que forma outra planta geneticamente igual. As células se forem diferenciadas sofrem desdiferenciação, tendo a capacidade de originar todos os tecidos característicos da planta. Este processo é designado por micropropagação.

A ovelha Dolly é o caso mais conhecido de clonagem em animais por transferência de núcleos de células somáticas. A Dolly é um clone de uma ovelha de onde foi retirado o núcleo de uma célula diferenciada e introduzida no oócito já sem núcleo. O ovo sofreu sucessivas mitoses e especializou-se em certos tecidos formando a ovelha. A ovelha Dolly é geneticamente igual à ovelha que foi clonada, logo a reprodução assexuada tem uma reduzida variabilidade genética.

A possibilidade de clonar um animal evidencia que o núcleo de uma célula especializada pode perder a sua especificidade, comportando-se como o núcleo de um ovo a partir do qual ocorre o desenvolvimento de um ser multicelular com uma grande diversidade de tipos de células.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Diferenciação celular

O desenvolvimento de um indivíduo compreende um conjunto de fenómenos biológicos que decorrem desde a célula-ovo até ao estado adulto. A divisão celular permite a regeneração de certos tecidos e órgãos dos organismos bem como o crescimento dos seres pluricelulares. Caso não tenha ocorrido nenhum erro, as células que resultam das divisões mitóticas do ovo possuem o mesmo número de cromossomas, ou seja, com a mesma informação genética.
Durante o processo de crescimento de um organismo, as células, apesar de serem geneticamente idênticas, vão sofrendo um processo de diferenciação celular que as torna morfologicamente diferentes e capazes de desempenhar determinada função.
As células diferenciadas podem perder a sua especialização, tornando-se células indiferenciadas. Estas células readquirem a capacidade de originar um indivíduo completo e designam-se totipotentes, pois conservam todas as potencialidades genéticas do núcleo inicial. Esta capacidade das células está a ser investigada para posteriores tratamentos de doenças, como a diabetes e a doença de Parkinson. Através da cultura de tecidos pretende-se obter a partir de células indiferenciadas tecidos específicos.
A diferenciação celular envolve a expressão de determinados genes e a inactivação de outros.
A célula possui rigorosos mecanismos de regulação capazes de assegurar que num determinado momento da vida determinados genes estejam activos e outros não. Esse controlo ocorre em diferentes níveis de expressividade do ADN e com intervenção de moléculas. O controlo faz-se ao nível da transcrição e ao nível da tradução, e é influenciado por elementos provenientes do ambiente. Por exemplo, as metaplasias são mudanças reversíveis num determinado tipo de células que são substituídas por células de outro tipo.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Variação da quantidade de ADN durante a mitose

Na divisão celular, o programa genético de uma célula é transmitido com fidelidade às células-filhas, garantindo a estabilidade genética através de sucessivas gerações. Durante a Interfase, no período S, ocorre a replicação semiconservativa das moléculas de ADN que fazem parte dos cromossomas. Estes ficam constituídos por dois cromatídios ligados pelo centrómero. As células ficam com a informação genética duplicada. Na fase G2 cada um dos cromatídios de cada cromossoma é idêntico, tanto no plano genético como na fisiologia, ao cromossoma inicial da fase G1. Durante a mitose, e após a clivagem dos centrómeros, cada um dos cromossomas-irmãos migra para os pólos da célula. Na anáfase ocorre uma distribuição equitativa dos cromossomas e do ADN pelas células-filhas. Estas recebem um número de cromossomas idêntico ao da célula-mãe e, portanto, a mesma informação genética, garantindo a estabilidade genética através das gerações, se nenhum erro ocorrer.

Regulação do Ciclo Celular

Olá! Hoje irei falar sobre a regulação do ciclo celular.

Existem mecanismos de regulação do ciclo celular. Estes mecanismos actuam em três pontos (final da G1, durante a mitose e final da G2) e só avança se determinadas condições se verificarem.

  • Controlo em G1 - as células fazem uma “avaliação interna” relativamente ao prosseguimento do ciclo celular. Se for negativa a célula não se divide e fica em G0, permanecem neste estado até serem estimuladas para prosseguirem o seu ciclo celular. Se a molécula de ADN se encontrar danificado e não puder ser reparado irá ocorrer a apoptose ou morte celular. A apoptose é um processo em que se verifica a auto-destruição da célula, visto que esta não se encontra em condições para se dividir. Verifica-se o colapso do núcleo, a fragmentação do material genético e a fragilização da membrana plasmática, até que a célula acaba por se fragmentar.
  • Controlo em G2 – o ciclo celular prossegue se a replicação semiconservativa do ADN ocorreu correctamente. Caso haja algum dano na molécula de ADN ocorre a apoptose celular.
  • Controlo na Mitose – a mitose é interrompida se os cromossomas não se alinham de forma adequada ou não se distribuem de forma equitativa pelas células-filhas.

Quando estes mecanismos de regulação do ciclo celular falham, pode ocorrer, por exemplo, um cancro ou neoplasia maligna. Numa neoplasia, as células dividem-se descontroladamente e podem adquirir características de malignidade. As células dos tumores malignos podem se espalhar para tecidos vizinhos – metastização.

Os mecanismos de regulação são influenciados por moléculas provenientes quer do meio interno quer do meio externo. É fundamental evitar situações que possam danificar o ADN, como as radiações, na medida em que os mecanismos de reparação e de controlo podem não actuar.

Deixo aqui um vídeo sobre a mitose.

http://www.youtube.com/watch?v=5gV5OML7jtA

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ciclo Celular

Olá! Hoje irei falar sobre o ciclo celular que corresponde ao conjunto de transformações que ocorrem desde a formação de uma célula até ao momento em que se divide para formar duas novas células. O ciclo celular de uma célula é composto por duas fases: a interfase e a fase mitótica ou período da divisão celular.

Interfase - é a fase entre o fim de uma divisão celular e o início da seguinte. A generalidade das células passa a maior parte da sua vida em interfase. Durante esse período verifica-se uma intensa actividade metabólica vital. A célula prepara-se para a divisão celular. Ocorre o aumento do tamanho da célula e a duplicação do conteúdo celular. Os centríolos são estruturas cilíndricas constituídas por microtúbulos (filamentos cilíndricos constítuidos por uma proteína) que também duplicam. Durante a interfase os cromossomas encontram-se distendidos. Quando uma célula se divide, cada nova célula recebe os organelos e o ADN necessários para o seu funcionamento. A interfase pode ser subdividida em três fases, designadas Fase G1, S e G2. Na fase G1 existe crescimento celular acompanhado de uma intensa actividade de síntese de proteínas, enzimas e organelos celulares. Na fase S ocorre a replicação de cada uma das moléculas de ADN, que se associam às respectivas proteínas. Cada cromossoma passa a ser constituído por dois cromatídios ligados pelo centrómero. É também durante esta fase, que fora do núcleo nas células animais ocorre a duplicação dos centríolos. A fase G2 decorre entre o final da síntese de ADN e o início da mitose. Neste período dá-se a síntese de biomoléculas necessárias à divisão celular. Fase mitótica - durante esta fase podem considerar-se duas etapas: a mitose (divisão do núcleo) e a citocinese (divisão do citoplasma). Mitose: corresponde à divisão do núcleo em dois, com o mesmo tipo e quantidade de ADN que o núcleo original. O ADN, que durante a interfase se encontrava disperso sob a forma de cromatina, condensa-se para formar cromossomas durante a mitose. Embora a mitose seja um processo contínuo, pode-se distinguir quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase.

  • Prófase - os filamentos de cromatina condensam-se, tornando-se cada vez mais grossos e densos, passando cada cromossoma a ser constituído por dois cromatídios unidos pelo centrómero. Os dois pares de centríolos começam a afastar-se em sentidos opostos, formando entre eles o fuso acromático ou mitótico. Quando os centríolos atingem os pólos, a membrana nuclear desorganiza-se.
  • Metáfase - os cromossomas atingem o seu máximo de encurtamento. Os pares de centríolos estão nos pólos da célula e o fuso acromático completa o seu desenvolvimento. Os cromossomas deslocam-se para o plano equatorial, formando a placa equatorial, em que os centrómeros estão voltados para o centro e os braços dos cromossomas estão voltados para fora.
  • Anáfase - ocorre a clivagem de cada um dos centrómeros, separando-se os cromatídios, que passam a constituir dois cromossomas independentes. As fibrilas encurtam-se e cada cromossoma (agora constituído por um cromatídio) ascende para os pólos. No final da anáfase, os dois pólos da célula têm conjuntos completos e equivalentes de cromossomas e, portanto, de ADN.
  • Telófase - a membrana nuclear reorganiza-se à volta dos cromossomas de cada célula-filha, os nucléolos reaparecem, dissolve-se o fuso acromático, os cromossomas descondensam-se e alongam-se. A célula fica constituída por dois núcleos.

Depois da mitose ocorre a citocinese que consiste na divisão do citoplasma e, consequentemente, a individualização das duas células-filhas. Nas células animais, nos dois últimos estádios da mitose, no fim da anáfase e na telófase, forma-se na zona do plano equatorial um anel contráctil de filamentos proteicos. Estes contraem-se e puxam a membrana para dentro, causando um sulco de clivagem que vai estrangulando o citoplasma, até se separarem as duas células-filhas.

No entanto, nas células vegetais a citocinese processa-se de um modo diferente pois não ocorre por estrangulamento, devido à parede celular rígida destas não o permitir. A citocinese ocorre devido às vesículas derivadas do Complexo de Golgi que se alinham na zona equatorial da célula, posteriormente estas fundem-se e o seu conteúdo forma uma placa de fragmoplastos em torno da qual mais tarde se deposita a celulose. Originando assim as duas paredes celulares das duas células-filhas.

No quadro seguinte faz-se uma comparação entre a fase mitótica em células animais e em células vegetais:

Fontes: http://pt.shvoong.com/exact-sciences/biology/418160-ciclo-celular/ http://disciplinex.wordpress.com/2008/11/14/citocinese/ http://www.colegioportugal.pt/fi_ciclo_celular.pdf

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Estrutura dos cromossomas

Olá! Hoje irei falar da estrutura dos cromossomas das células eucarióticas. A informação genética dos organismos eucariontes encontra-se distribuída por várias moléculas de ADN, as quais estão associadas a proteínas designadas histonas, que conferem estabilidade ao ADN e são responsáveis pelo processo de condensação. Cada porção de ADN associado às histonas constitui um filamento de cromatina. Estes filamentos podem encontrar-se dispersos no núcleo da célula. No entanto, quando a célula está em divisão, estes filamentos duplicam e sofrem um processo de espiralização (condensação)originando filamentos curtos e espessos. Neste processo de espiralização, o filamento de ADN enrola-se em torno das histonas, formando nucleossomas. Estes, por sua vez, podem dispor-se de tal maneira, que conduzem à formação dos cromossomas no seu estado mais condensado. Cada cromossoma passa a ser constituído por dois cromatídios, que resultaram da replicação do filamento inicial de cromatina, e cada um dos cromatídios é formado por uma molécula de ADN e por proteínas. Os cromatídios de um cromossoma encontram-se unidos por uma estrutura resistente designada centrómero. Em alguns períodos da vida celular, cada cromossoma é formado por uma única molécula de ADN associada a proteínas, constituído por um cromatídio.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Mutações génicas

Olá! Hoje irei falar um pouco das mutações génicas. O material genético não permanece imutável, pode ser modificado. As mutações génicas são alterações na sequência nucleotídica do ADN, os indivíduos que as manifestam dizem-se mutantes. As alterações na sequência nucleotídica do ADN pode variar, desde a delecção ou inserção de uma única base azotada, a sua substituição por outra, ou até modificações mais profundas envolvendo várias bases. Uma alteração na sequência de bases pode conduzir a mudanças na estrutura e função da proteína sintetizada, podendo alterar vários mecanismos biológicos do organismo. O efeito de uma mutação a nível celular pode ser tão pequeno que não permite evidenciar-se facilmente, mas pode ser tão significativo que pode conduzir à morte da célula ou do organismo. Embora as mutações sejam muitas vezes perigosas, nem sempre têm efeitos desastrosos. Podem ocorrer mutações silenciosas, o codão mutado pode codificar o mesmo aminoácido não provocando alterações na proteína devido à redundância do código genético. Quando as mutações ocorrem ao nível das gâmetas, mutações germinais, podem ser transmitidas à geração seguinte. Mas se as mutações têm lugar nas células somáticas, mutações somáticas, não são transmissíveis à descendência. Os agentes mutagénicos podem ser:
  • biológicos, como os vírus
  • físicos, como os raios X, os raios gama e as radiações ultravioleta
  • químicos, como os corantes alimentares, fumo do tabaco e drogas
As mutações promovem a variabilidade na informação genética e permitem a evolução das espécies.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Mecanismo de síntese de proteínas

O mecanismo de síntese de proteínas compreende duas etapas fundamentais:
  • Transcrição da informação genética - esta etapa ocorre no núcleo e corresponde à síntese de RNA mensageiro a partir de uma cadeia de ADN que lhe serve de molde, por complementaridade de bases. Ao realizar-se a transcrição, só uma das cadeias do ADN é utilizada como molde. O RNA polimerase fixa-se sobre uma sequência de ADN, provoca a sua abertura, e inicia-se a transcrição da informação. A síntese de RNA a partir de nucleótidos livres faz-se na direcção 5' para 3'. Após a passagem da RNA polimerase a cadeia de ADN volta a estabelecer pontes de hidrogénio entre as bases. Depois da síntese do RNA-pré-mensageiro ocorrem um conjunto de transformações que consiste no processamento deste RNA. Neste processamento são retirados os intrões (sequências de nucleótidos que não codificam informação) e há a posterior união dos exões (sequências que codificam informação), tornando o RNAm funcional que migra do núcleo para o citoplasma, fixando-se nos ribossomas.
  • Tradução da informação genética - nesta etapa, a informação genética contida no RNAm é traduzida numa sequência de aminoácidos. É nos ribossomas que ocorre a tradução da mensagem contida no RNAm. O RNA de transferência (RNAt) selecciona e transfere os aminoácidos para os ribossomas. Cada RNAt tem numa sequência de três nucleótidos, designado anticodão, que é complementar de um dos codões do RNAm. Esta etapa divide-se em três fases:
  • Iniciação - a subunidade pequena do ribossoma liga-se ao RNAm na região do codão de iniciação (AUG). O RNAt, que transporta o aminoácido metionina, liga-se ao codão de iniciação. A subunidade grande liga-se à subunidade pequena do ribossoma, tornando-o funcional.
  • Alongamento - o anticodão de um novo RNAt, que transporta um segundo aminoácido, liga-se ao segundo codão por complementaridade. Estabelece-se a primeira ligação peptídica entre os aminoácidos. O ribossoma avança três bases e o processo repete-se ao longo do RNAm. O estabelecimento destas ligações requer energia, fornecida pelas moléculas de ATP.
  • Finalização - quando o ribossoma chega a um codão de finalização e por complementaridade o reconhece, termina a síntese. A cadeia polipeptídica destaca-se. As subunidades do ribossoma separam-se e podem ser utilizadas para iniciar uma nova síntese.

A síntese de proteínas tem características importantes:

  • rapidez - uma célula pode sintetizar uma proteína que contém 140 aminoácidos, em dois ou três minutos;
  • amplificação - a mesma zona de ADN pode ser transcrita várias vezes, formando-se várias moléculas de RNAm idênticas, o que compensa a sua curta duração.